Ministério da Cultura e Ampla apresentam:

Guia Cultural da Costa Verde

Águas esmeraldas e festa solar nos Atrativos Culturais da Costa Verde

A suave batida do motor do barco, que avança pelas águas verdes, ainda ecoa em meus ouvidos e posso sentir a fresca brisa que sopra trazendo à lembrança os sabores, cheiros, música e paisagens magníficas da Costa Verde. A região é um paraíso de belezas naturais, do povo que valoriza suas tradições e cultura e transforma este legado em alegrias, festas e comemorações.

No trabalho de campo para elaborar o Guia Cultural da Costa Verde, assistimos de perto essas demonstrações de vitalidade cultural: o quilombola que mostra com carinho sua roça e seu peixe; o caiçara que dança a singela ciranda; o artesão que confecciona o barquinho para vender ou fabrica seu transporte para navegar entre as ilhas; o teatro popular que resgata tradições.

Do mar avistamos o magnífico paredão verde da Mata Atlântica com as cidades aos seus pés; o tráfego intenso de embarcações de todos os tipos; o nascer e o morrer do sol. Aliás, o astro rei cismou de morar naquele pedaço fluminense. Quantas vezes o assistimos pintar de prata e vermelho o mar, os barcos e o casario colonial de três séculos. Extasiado com este visual, o visitante não terá como esquecer.

A possibilidade de vivenciar e selecionar atrativos culturais de uma região é tarefa singular. Não nos encanta o lugar comum, o ambiente padronizado e o modismo, e sim mostrar ao visitante aquilo que o lugar oferece de mais puro, mais extraordinário e simples. Os municípios visitados – Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba e Itaguaí -, possuem a maravilhosa característica de juntar em um só cenário as águas, as montanhas e a história de seu povo.

Águas diversas: mares, cachoeiras, ilhas, rios, cortam a região. O intenso tráfego de embarcações de diversos tamanhos que singram as baías de Sepetiba e Angra dos Reis, levam e trazem habitantes desta festa natural a destinos belos e preservados. São centenas de ilhas e praias onde aportam, desde a canoa caiçara até o luxuoso iate. Peixes e frutos do mar abundantes chegam ao cais para abastecer a população, para se transformar no famoso binômio da região caiçara: o peixe com banana.

A rica mistura de origens: portugueses, açorianos, índios, africanos e mais recentemente japoneses, proporcionou ao habitante um calendário típico que por vezes se repete na devoção, como a festa do Divino em Paraty e Angra, com danças típicas de Portugal que ao longo dos séculos se modificaram e se apropriaram de elementos de outras culturas que aqui chegaram.

Além disso, o passeio pela região revela o conhecimento das múltiplas formas culturais: o teatro, feiras literárias, artesanato, cozinha caiçara e a excelente produção de cachaça em alambiques premiados. Toda esta riqueza está presente em aldeias indígenas, colônias japonesas, comunidades quilombolas e caiçaras de pescadores que vivem nas serras e ilhas, e que posso destacar como referência, a maior delas: a majestosa Ilha Grande que avistamos do continente e serve de proteção geográfica para a baía de águas verdes.

O visitante portador deste Guia, poderá desfrutar de inúmeros atrativos culturais que vão desde dançar uma ciranda, assistir a uma peça teatral, acompanhar uma procissão e vivenciar a experiência de estar em locais históricos que nada mudaram nos últimos 300 anos. Ou simplesmente perceber o silêncio, ouvindo os próprios passos em ruas de pedras, contemplando o reflexo da lua e lampiões na água que avança por ruas centenárias com a maré alta.

Se o turista, nacional ou estrangeiro, caminhar para o interior, junto à serra, ficará deslumbrado com a descoberta de tucanos, saíras-sete-cores, mutuns e fauna variada, além de apreciar a vegetação intacta da Mata Atlântica que reveste pedras de alturas monumentais. São estradas, calçadas de pedra trabalhadas por escravos e que no passado eram movimentadas por tropas de burros carregados de ouro, café e açúcar. Trechos do Caminho do Ouro próximo a Paraty e Angra dos Reis, estradas que cortam a Serra do Piloto em Mangaratiba e trilhas em Itaguaí que levam o visitante a alcançar os pontos mais altos da região, envoltos pela exuberância das matas e protegidos por áreas de proteção ambiental e parques estaduais.

No mar, botos cinzas, tartarugas e cardumes de peixes, barcos pesqueiros que se reúnem nos diversos cais da região, disputando o espaço com garças, gaivotas e biguás no entardecer e embelezando mais, se possível for, a famosa Costa Verde, histórica desde o descobrimento do Brasil. Com seus monumentos de grande importância, sítios históricos e valores culturais, vistos nas suas festas e apreciados pelo povo local e turistas internacionais que afluem em grande número para participar das grandiosas festas.

O Guia Cultural da Costa Verde, impresso ou digital, é um excelente e diferenciado roteiro de visita. Em seus verbetes e fotografias, o turista, o pesquisador, o visitante, ou alguém de passagem pela região, encontrará maravilhosos atrativos culturais que somente a junção de mar, montanha, matas e fauna paradisíacas é capaz de oferecer. O povo hospitaleiro e generoso da região o receberá de coração aberto nesta festa natural e solar que acertadamente denominaram de Costa Verde.

Aloysio Clemente Breves Beiler

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